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Adultos

 Ansiedade

 

Ansiedade é o nome que damos para a emoção que se segue a percepção de que estamos sob a ameaça de alguma punição. Portanto, é a emoção que antecede a perda. Se tal perda já ocorreu, se já perdemos algo (ou alguém), o que sentimos chama-se “tristeza”, sentimento que está ligado a frustração (Graeff, Guimarães e Deakin, 1993).

No entanto, nossas emoções podem sofrer alterações e se desregular como qualquer outra função do organismo. Quando isso ocorre, a ansiedade, ao invés de propiciar adaptação, estabelece riscos sociais a pessoa que a vivencia, impedindo-a de perceber perigos reais que a ameaçam e/ou levando-a a ferir regras sociais estabelecidas pela cultura e que devemos seguir (ou que se espera que sigamos).

Ao ficarmos presos a ansiedade, vemo-nos prejudicados no desempenho de tarefas em que se requer raciocínio lógico, concentração e decisões rápidas.

 

Analise detalhada de manifestações:

 

1. FUGA: normalmente associada a emoção conhecida como “medo”, é a reação típica mais freqüente. Ela pode ser ativa, quando o indivíduo evita uma situação presente que lhe causa aversão. Pode também ser passiva, que é quando evitamos qualquer coisa que tenha sido associada a antigas punições. Os quadros fóbicos (ou pré-fóbicos) podem servir como exemplo nesses casos.

2. IMOBILIDADE: se a fuga pela ação não é possível, então fugimos pela omissão. Nesse caso, aparece o desmaio (com bradicardia e queda de temperatura corporal, que são associadas a palavra “negação”). Quando o perigo é iminente e incontrolável, súbito e potencialmente letal, o organismo pode desenvolver tal tipo de fuga. Há registro de mortes por parada respiratória ou cardíaca (”morte de susto”) e de outros casos em que o indivíduo desenvolve paralisias funcionais parciais ou gerais.

3. DEFESA AGRESSIVA X AGRESSÃO: Ambas as situações são formas de fuga a ansiedade (ou ao estímulo) que o desencadeou. Na defesa agressiva, o indivíduo “blefa” com uma postura corporal agressiva contra atacantes potencialmente perigosos. é uma atitude de “risco”, que os animais tomam apenas em situações extremas como, por exemplo: quando uma fêmea de coelho defende os filhotes contra uma raposa, ela apresenta uma postura de coluna vertebral arqueada, o que faz seu tamanho aparentar ser bem maior . Aparece também entre animais da mesma espécie, quando, por exemplo, uma mãe defende o filho contra o pai que o ameaça, colocando-se a sua frente e alargando seu tórax de modo a “esconder a cria” atrás de si. Nós, seres humanos, primatas superiores, herdamos o contato visual direto como uma forma de comunicar superioridade e gerar ansiedade social nos membros mais inseguros e/ou inexperientes.

Já a agressão ocorre em última instância. É sabido que os animais ditos “inferiores” só agridem quando não tem outra forma de fugir do ataque a que se julgam ou estão submetidos.

As agressões no homem são mais freqüentes que nos demais primatas. As “defesas agressivas” verbais e posturais logo se caracterizam em ataques verbais ofensivos e/ou corporais lesivos, os quais levam a imobilização do oponente. (Vide o número de agressões “gratuitas” registradas pela mídia.)

4. SUBMISSÃO: é o oposto da postura de ameaça e visa desviar a “intenção” de ataque. Há várias situações em que vemos, em nossa sociedade, o ser humano usando de estratégias “diplomáticas” que “desarmam” o seu agressor.  É preciso diferenciar dois tipos de submissão: a real e a estratégica. Na real, o indivíduo se abandona ao agente estressor, deixa de lutar e se crê realmente um perdedor. Desiste. Deprime-se. Na estratégica, o organismo avalia suas chances, analisa a situação, observa seu opressor e tenta descobrir maneiras de conhecê-lo melhor. Para isso ele precisa de tempo e ganha esse tempo tornando-se aparentemente submisso. (Essa estratégia só  é possível entre indivíduos da mesma espécie; quando ocorre na natureza, raramente o submisso sobrevive).


ADULTOS

Fobias

A evolução filogenética (seleção natural que a espécie sofreu) fez com que algumas emoções se desenvolvessem; essas emoções permitiram ao homem sobreviver. Junto com o amor e a raiva, o medo é uma dessas emoções. E seguir pela vida requer sentir medo. A energia que está por trás dessas emoções é o constructo hipotético conhecido por “ansiedade”, e esta define mudanças:

  • fisiológicas: ritmo cardíaco, taxa respiratória, condutância cutânea…;
  • motoras: tremores musculares, hiperatividades, desorganização motora, baixo limiar para respostas motoras (”sobressaltos”), evitação ou afastamento;
  • subjetivas: (acessíveis graças ao relato verbal) apreensão, preocupação, previsão de ameaças e sensações de medo, particular ou generalizado.

O medo normal visa gerar energia a evitação ou afastamento de estimulação nociva ao ser (Ross, 1979). “O medo tem papel fundamental na adaptação humana, mas alguns tipos de medo são de grande magnitude para as situações desencadeantes e estes são chamados de fobias” (Versiani, Nardi e Mundim, 1989).

Uma fobia é uma espécie particular de medo. Essa palavra vem do grego “phobia”; esta, por sua vez, deriva-se da palavra grega “phobos”, também nome de um deus grego, significando “pânico, terror”. Esse deus provocava, segundo a lenda, medo intenso em seus inimigos, pois sua face era terrivelmente feia. A fobia é um dos distúrbios psicológicos mais extensamente pesquisados. O caso mais famoso é o relatado por Freud sobre o pequeno Hans e sua fobia por cavalos. Outro caso igualmente famoso é o do pequeno Albert. Neste caso, em 1920, Watson e Raynier estabelecem a aquisição do medo por animais num garoto de 34 meses de vida.

Mais tarde, em 1924, Mary Cover Jones trata de um garoto, chamado Peter, que tinha medo de coelhos; ela fez a abordagem pelo uso de um método precursor da dessensibilização sistemática (Wolpe, 1976). Wolpe e Salter, citados por Wolpe (1976), dão grande impulso ao diagnóstico e tratamento dos distúrbios evitativos. O primeiro explicita as fobias específicas e o segundo trata da inasserção que é típica dos casos de fobia generalizada ou social.

A fobia é vista como uma forma especial de medo; ela apresenta as seguintes caraterísticas:

  • desproporção entre a emoção e a situação que a provoca;
  • medo sem explicação razoável;
  • ausência de controle voluntário;
  • tendência a evitação dessa situação.

 

Atualmente, o DSM-IV (”Manual Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais”, 1994) caracteriza a fobia em subtipos:

1) fobias específicas (FE): são medos intensos, restritos a situações estimuladoras específicas (animais, fenômenos da natureza, andar de avião ou similares, dentista, hospitais ou similares…). A situação desencadeadora pode ser despertada por diversas etiologias, inclusive por um ataque de pânico (medo paralisante) com ou sem agorafobias (situações específicas relacionadas ao pânico como túneis, meios de transporte, filas, salas cheias…). Nesses casos, já estaremos tratando de outro distúrbio;

2) fobias sociais ou generalizadas (FSG): tratam marcantemente de comportamentos evitativos de situações sociais; elas implicam a aprovação do grupo. Ao evitar tais situações, a pessoa fica privada profissional, acadêmica, social e/ou sexualmente. Esse medo é relacionado a situações de exposição pública ou de interação social;

3) fobia social circunscrita (FSC): acontece quando o indivíduo apresenta temor apenas de uma situação pública de desempenho de interação social (ex.: medo de dirigir, de escrever, de escola, de falar em público…)

O DSM-IV propõe uma lista de comportamentos que facilitam a identificação em um diagnóstico de quadro fóbico. Tal lista prevê:

  • medo persistente de estímulo limitado (exceção ao ataque de pânico) ou de situação social generalizada;
  • a exposição ao estímulo fóbico provoca intensa ansiedade; o objeto fóbico é evitado;
  • há reconhecimento da irracionalidade do medo;
  • o medo e/ou a evitação interferem na rotina normal;
  • o medo não se relaciona a obsessões ou ao estresse pós-traumático.